Ditadores que se eternizam no poder, sem o referendum popular existem em muitas nações. Ditadores desfarçados de democratas também, idependente de terem ou não sido eleitos legitimamente; governantes corruptos que desagradam ao povo, idem; cleptocratas que governam com mão de ferro – os mais comuns –, idem. Enfim, em todo o mundo existem governantes corruptos, que só governam para si mesmos, as elites dominantes e os controladores mundiais, os donos do mundo, e de quem esses governantes são servis. E por conta da sua condição de servilidade e para continuarem recebendo as benesses dos seus controladores, impõem aos governados um modelo de gestão política desumano, tirânico e corrupto, que limita, por baixo, a qualidade de vida de 90% da população, deixando os 10% das classes dominantes livres, onde “o céu é o limite”.
A maior ou menor duração desse “status quo” depende unicamente da índole do povo: quanto mais pacíficos, conformados e desinformados, melhor para os governos; na situação inversa, pior. Ora, se é assim, por que a situação de submissão perdura em quase todos os países? Primeiramente, porque o governo usa a força intimidatória das polícias e dos exércitos; segundo, porque geralmente conta com a cumplicidade das religiões, que ajudam a manter o povo em estado de resignação; por último, pelo controle da mídia, pelo uso da censura velada ou ostensiva para o controle das informações, só permitindo ao povo saber o que é conveniente para os governos e dificultando que se organize. No Oriente ou no Ocidente, as situações são as mesmas, existindo o país explorado e o(s) explorador(es). Os países controladores pagam às elites dos controlados para que mantenham o povo desinformado e escravo, enquanto as colônias são espoliadas de suas riquezas, sem que existam levantes ou revoltas populares. Portanto, não é conveniente que o povo seja esclarecido, questionador e bem informado. Para isso, atuam fortemente a mídia comprometida e as religiões, estas com os seus líderes sempre entre as classes dominantes, mas apenas os líderes religiosos da instituição Igreja, não os “fiéis”, o povão.
Mubarak um ditador corrupto? Como é que não se falava nisso?
Será que o mundo conhecia Hosni Mubarak ou conhecia apenas o que a mídia permitia? É evidente que não conhecia! O Egito, aliado dos Estados Unidos, não podia ver a reputação do seu governante manchada e isso continuou com Barack Obama. Seria ruim para os dois lados. E o Governo Americano, que injetava mais de 1,5 bilhões de dólares anuais na economia egípcia, não podia ver seu nome associado a um ditador corrupto. Só retirou seu apoio a Mubarak e começou a abanar o rabo para o novo governo que se forma agora, porque não teve mais jeito. E quantos iguais a Mubarak existiram em outros países, inclusive o Brasil, e conseguiram escapar ilesos? Quantos ainda existem e onde estão? No Oriente Médio, um efeito dominó pós-Mubarak começa a revelá-los, no Iêmen, na Tunísia, no Líbia, na Argélia, no Bahrein... E na America Latina, na Europa… onde estão?
As perguntas, no caso do Egito, são: 1) Como um homem como Mubarak, cuja fortuna da família é estimada em 70 bilhões de dólares, roubados do povo egício (não está comprovado ainda o valor exato, mas fala-se de valores que podem chegar a 119 bilhões) se manteve por 30 anos no poder? 2) Como a população o suportou por tanto tempo? 3) Como tais fatos não vieram a lume pela imprensa mundial? 4) Quem foram seus cúmplices?
18 dias de revolta, 365 mortos 5.500 feridos
Este foi o balanço dos 18 dias de revolta, que culminou com a renúncia de Hosni Mubarak, como queria o povo. Um alto preço? Talvez, mas pior seria não fazer nada e permitir a continuidade do governo ditatorial corrupto, com um poderoso e numeroso exército sob o seu comando. “Tudo vai bem quando acaba bem”, diz o ditado. No caso do Egito, a despeito das vítimas, o consenso geral é o de que o sacrifício valeu. Mubarak renunciou ( ou foi deposto, que seria o termo mais correto).
Por que os governos temem a internet e querem censurá-la?
Aqui, as respostas parecem óbvias: se um país ditatorial esconde informações, proíbe aglomerações, mobilizações e reuniões para debates públicos, proíbe protestos, ofensas e denúncias contra o governo, tudo isso pode ser feito virtualmente, pela internet. E foi ela quem permitiu a organização e mobilização do povo egípcio, a tal ponto, que quando o Governo resolveu cortar o acesso à internet, já era tarde.
Esse exemplo revela duas verdades e abre dois precedentes. As verdades: 1) o povo pode se organizar, denunciar, protestar e mobilizar-se contra os governos, usando a internet; 2) essa mobilização pode derrubar ou eleger governos. Os precedentes: 1) o exemplo do Egito poderá ser seguido por outros países, como de fato já o foram, podendo continuar no futuro; 2) governos ditatoriais, corruptos ou comprometidos com os interesses internacionais poderão estabelecer a censura na internet, como alguns já o estão fazendo, não só em função do que ocorreu no Egito, mas também em função dos desdobramentos do caso WikiLeaks.
Portanto, países que já censuram ou pretendem implantar a censura na internet, devem ser sempre olhados com desconfiança. Isto é um forte indício de que existe podridão no governo e que este não quer que elas sejam descobertas e divulgadas. Pior ainda: pretendem manter o povo enganado e alheio a tudo o que acontece nos bastidores do poder, inclusive quanto às riquezas que são desviadas do país para o exterior. Infelizmente, o Brasil está neste caso, pois vem tentando a todo custo implantar a censura na internet. Ainda não conseguiu, mas continua insistindo.
Que recado o Oriente Médio dá para o mundo?
O modelo antigo de governo e colonização, no século XXI, está com os dias contados, a não ser que os controladores do mundo consigam calar a internet. Bem, isso eles já estão tentando, mas se conseguirão ou não, só o futuro dirá. De qualquer forma, o que aconteceu lá serve de alento para os países que ainda estão na mesma situação e deixam os donos do mundo preocupados. É possível que tenham de inventar outras técnicas porque estas logo, logo, não funcionarão mais.
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