Quando a cobiça dos interesses internacionais volta os olhos para a Amazônia; quando a desertificação ameaça tomar conta de áreas já devastadas pela derrubada de árvores ou esgotamento do solo; quando usinas de álcool pleiteiam o direito de instalar-se na região; quando a floresta nativa começa a ser destruída para dar lugar a plantações de soja e estabelecimento de pastagens para gado; quando rios começam a ser assoreados e contaminados pelo mercúrio e outros resíduos tóxicos da mineração; quando os peixes começam a desaparecer e perecer; quando o conflito armado entre índios e brancos, começa a acontecer, em razão da disputa de terras e pelo desrespeito à demarcaçao dessas terras nas reservas indígenas; quando a extração ilegal de madeiras começa a deixar a terra careca e a queima do carvão vegetal a deixar populações doentes; quando espécies animais começam a se extingüir…
Ah, quando o trabalho escravo nas fazendas e na derrubada de árvores passa a se tornar comum; quando uma área equivalente a 3 vezes o Estado de S. Paulo já se encontra desmatada; quando a biopirataria é praticada e o país não consegue impedir; quando a região começa a ser loteada e vendida para investidores estrangeiros; quando um jornal da importância do New York Times pergunta: ” Afinal, de quem é a Amazônia? ” e outro (o Independence), diz que a Amazônia é muito importante para deixá-la apenas nas mãos dos brasileiros; quando outras nações começam a enxergar aquela parte do nosso território como “patrimônio da humanidade“, ameaçando a soberania nacional; […]quando operações armadas como a “arco de fogo” têm de ser montadas às pressas, para conter a ganância, o desrespeito e a irresponsabilidade das madeireiras que estão acabando com as florestas do Estado do Pará; quando a Ministra do Meio Ambiente renuncia por não resistir às “pressões internas” que ela não revela quais são; quando o Presidente da República diz em cadeia nacional de televisão que “a Amazônia pertence aos brasileiros”, mas, por trás das câmeras, autoriza a venda daquelas terras para estrangeiros… O que isso pode significar? Será que já não é chegada a hora de o povo brasileiro desconfiar, protestar e cobrar providências do poder público?
Sim, a Amazônia está ameaçada sim. E o Governo tenta, mas já quase não consegue esconder isso do povo. Prefere enganá-lo, dizendo que está zelando pelos interesses nacionais. Só que todos sabemos a dura realidade: tem-se revelado incompetente para isso. Agora, chegou a nossa vez de intervir e cobrar providências. Protestem, protestem, protestem!
Para dar um exemplo, republico abaixo e com a autorização do autor, o protesto do meu colega escritor do Recanto das Letras, Ricardo De Benedictis, expresso com a linguagem sensível, clara e forte da sua da poesia:
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AMAZÔNIA AMEAÇADA!
Amazônia,
Causa-me insônia
A tua desdita!
Causa-me vergonha
Que se lhe imponha
A guerra maldita!
Amazônia,
Reúne teus ancestrais
Impede a serra e o machado
Expulsa o invasor e o arado
Das reservas florestais!
Amazônia,
Querem tuas florestas,
Reúne pessoas honestas
Demarca já teus umbrais!
Amazônia,
Querem poluir teus rios
Por interesses sombrios
Dos carrascos capitais!
Amazônia,
Convoca teus ancestrais
Bichos, plantas, minerais
Prepara tua defesa
Cuidado com a ONG-empresa
Demarca já teus umbrais!
Ricardo De Benedictis (*)
Publicado no Recanto das Letras em 16/05/2008Código do texto: T992188
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(*) Ricardo De Benedictis (67) é escritor profissional, com várias obras publicadas, colaborador do Recanto das Letras, participante de 20 antologias poéticas. Atualmente, é Presidente da Academia Serrana de Letras (Vitória da Conquista/BA) e da APOLO - Academia Poçoense de Letras e Artes (Poções/BA). Também é criador e mantenedor do site http://www.bahia3000.hpg.ig.com.br . Clique aqui para ver o perfil completo do autor no Recanto das Letras . No site do Recanto das Letras poderão ser consultadas, também, outras obras, tanto do autor do poema, quanto do autor da crônica.
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