Depois dizem que o mercado da fé não é lucrativo e que é tudo intriga dos ateus, irreligiosos e detratores, pois os eventuais (???) lucros das atividades religiosas são investidos em obras assistenciais, cobrindo, as religiões, áreas sociais que os governos não conseguem atingir. Uma ova! Seria digno de reconhecimento e de elogios se fosse verdade, mas não é.
O Mercado da fé
Hoje as igrejas funcionam como empresas, é bom ter-se isso em conta. E empresas concorrem entre si, quando disputam um mercado comum. Senão, vejamos: primeiro, os evangélicos inventaram a "teologia da prosperidade", alavancada pela teatralização das misérias humanas e do marketing religioso da salvação. Depois, vieram os "shows da fé", as bandas gospel e as de forró e rock evangélicos; depois, as rádios, TVs, editoras e gravadoras próprias, as vendas de CDs e livros; depois, a proliferação de sites evangélicos e as aberturas de pelo menos um templo em cada estado, em cada cidade, em cada bairro. Aí, os católicos acordaram e contra-atacaram: também alugaram horários, passaram a celebrar missas na TV, criaram suas próprias rádios, lançaram os padres cantores e agora (pasmem!) os cruzeiros marítimos católicos.
A disputa entre os cristãos evangélicos e católicos está ficando acirrada e desta vez parece que os católicos, que estavam perdendo de lavagem, começam a endurecer o jogo, criando inovações ainda não pensadas pelos estrategistas evangélicos. E foram mais além: usaram a popularidade dos padres cantores e de alguns artistas famosos para atrair o público religioso para o cruzeiro.
Serão levados também, como reforço, 62 padres e 3 bispos, que celebrarão 2 missas diárias, confissões e rezas de terço, tudo em alto mar e para atender a todos os gostos. O custo médio por pessoa está estimado entre 1,8 a 2,4 mil reais, dependendo das mordomias e acomodações que cada um escolher. E o que é melhor: tudo parceladinho em 10 vezes, sem juros, no cheque ou cartão (é mole?). Em vista de tantas facilidades e do apelo religioso, a lotação (1900 pessoas) já está esgotada. Agora façam as contas: a arrecadação bruta para um evento de 4 dias será de, aproxidamente, 4 milhões de reais, um alto negócio. Para um namorado que queira dobrar uma sogra católica relutante ou intransigente em entregar a filha em casamento, o convite é infalível: leve a sogra e ganhe a filha.
Os evangélicos vão ficar fora desta?
Por enquanto sim, pois o evento é de orientação católica, embora que, por ser público, nada impeça que evangélicos possam participar, bastando pagar. Mas é quase certo que não o façam porque existe uma certa "rivalidade" religiosa e também porque as ovelhinhas do Senhor preferem ficar todas juntas, sem se misturar. O mais provável é que aguardem o contra-ataque evangélico.
Não duvidem: quando o Edir Macedo e demais líderes religiosos evangélicos tomarem conhecimento do sucesso do evento e fizerem as contas, no próximo ano deverão pipocar cruzeiros evangélicos do tipo: "Navegando no Reino de Deus", "Navegando na Graça de Deus", "Navegando com Jesus", "Navegando com O Poder de Deus", "Navegantes do Senhor" e outras denominaçõe semelhantes. E não se espantem se eles resolverem fazer uma vaquinha e comprarem ou locarem um transatlântico para uma temporada inteira, só para eles. Dinheiro não vai faltar, pois os fiéis estão aí mesmo para "ajudar".
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Leia a notícia completa "Padre Fábio e seu primeiro show em navio: reza, bebida e bom senso " , no site do Terra/Gente/ Notícias
Mais referências e informações: Agência CNS - Viagens Religiosas
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