Depois dizem que o mercado da fé não é lucrativo e que é tudo intriga dos ateus, irreligiosos e detratores, pois os eventuais (???) lucros das atividades religiosas são investidos em obras assistenciais, cobrindo, as religiões, áreas sociais que os governos não conseguem atingir. Uma ova! Seria digno de reconhecimento e de elogios se fosse verdade, mas não é.
O Mercado da fé
Alguns me criticam quando uso o termo "mercado da fé", achando-o ofensivo e impróprio para definir algumas atividades religiosas. Mas será que alguém ainda tem dúvidas de que existe mesmo um "mercado da fé"? Se assim não fosse, por que o uso intensivo do marketing religioso nas campanhas de proselitismo? Por que as disputas entre as religiões? Por que tantas rádios e tantos canais religiosos na TV convencional ou a cabo? Na TV, os custos de transmissão desses programas são elevadíssimos, segundo informam os próprios líderes religiosos. Mesmo assim, eles procuram novos horários e ampliam os que já possuem. Se pudessem, ficavam, todos, 24 horas no ar. Quem paga isso e de onde vem o dinheiro? Ao que se saiba, emissoras de TV (exceção talvez para a TV Record, de propriedade da IURD, do Edir Macedo) não cedem horários gratuitamente. Portanto, quando vemos na TV a imagem de um Silas Malafaia, RR Soares, Valdomiro Santiago, Sônia Hernandes, padres cantores Fábio de Melo e Marcelo Rossi, bandas gospel, pastores, bispos, etc, as religiões que eles representam estão pagando o tempo de exibição. E os programas não são de segundos ou minutos, mas de horas de apresentação, numa mídia que é cobrada por segundos. Ora, gastariam tanto se não houvesse retorno e um "mercado" lucrativo?
Hoje as igrejas funcionam como empresas, é bom ter-se isso em conta. E empresas concorrem entre si, quando disputam um mercado comum. Senão, vejamos: primeiro, os evangélicos inventaram a "teologia da prosperidade", alavancada pela teatralização das misérias humanas e do marketing religioso da salvação. Depois, vieram os "shows da fé", as bandas gospel e as de forró e rock evangélicos; depois, as rádios, TVs, editoras e gravadoras próprias, as vendas de CDs e livros; depois, a proliferação de sites evangélicos e as aberturas de pelo menos um templo em cada estado, em cada cidade, em cada bairro. Aí, os católicos acordaram e contra-atacaram: também alugaram horários, passaram a celebrar missas na TV, criaram suas próprias rádios, lançaram os padres cantores e agora (pasmem!) os cruzeiros marítimos católicos.
A disputa entre os cristãos evangélicos e católicos está ficando acirrada e desta vez parece que os católicos, que estavam perdendo de lavagem, começam a endurecer o jogo, criando inovações ainda não pensadas pelos estrategistas evangélicos. E foram mais além: usaram a popularidade dos padres cantores e de alguns artistas famosos para atrair o público religioso para o cruzeiro. É, os católicos estão mesmo ficando mais espertos e sofisticados. Segundo os organizadores, o "Navegando com Nossa Senhora" (nome do cruzeiro) , com partida prevista para o dia 9/2/2010 e retorno em 12/02/2010, no percurso Santos-RJ-Búzios-Santos, será feito no luxuoso transatlântico "CNS Grand Celebration" (foto) e será também o PRIMEIRO CRUZEIRO CATÓLICO DO MUNDO. Nele, o Padre Fábio de Melo fará um show especial para os turistas (como o seu cachê já está maior do que o do Roberto Carlos, imagine-se quanto vai cobrar!...).
Serão levados também, como reforço, 62 padres e 3 bispos, que celebrarão 2 missas diárias, confissões e rezas de terço, tudo em alto mar e para atender a todos os gostos. O custo médio por pessoa está estimado entre 1,8 a 2,4 mil reais, dependendo das mordomias e acomodações que cada um escolher. E o que é melhor: tudo parceladinho em 10 vezes, sem juros, no cheque ou cartão (é mole?). Em vista de tantas facilidades e do apelo religioso, a lotação (1900 pessoas) já está esgotada. Agora façam as contas: a arrecadação bruta para um evento de 4 dias será de, aproxidamente, 4 milhões de reais, um alto negócio. Para um namorado que queira dobrar uma sogra católica relutante ou intransigente em entregar a filha em casamento, o convite é infalível: leve a sogra e ganhe a filha.
Os evangélicos vão ficar fora desta?
Por enquanto sim, pois o evento é de orientação católica, embora que, por ser público, nada impeça que evangélicos possam participar, bastando pagar. Mas é quase certo que não o façam porque existe uma certa "rivalidade" religiosa e também porque as ovelhinhas do Senhor preferem ficar todas juntas, sem se misturar. O mais provável é que aguardem o contra-ataque evangélico.
Não duvidem: quando o Edir Macedo e demais líderes religiosos evangélicos tomarem conhecimento do sucesso do evento e fizerem as contas, no próximo ano deverão pipocar cruzeiros evangélicos do tipo: "Navegando no Reino de Deus", "Navegando na Graça de Deus", "Navegando com Jesus", "Navegando com O Poder de Deus", "Navegantes do Senhor" e outras denominaçõe semelhantes. E não se espantem se eles resolverem fazer uma vaquinha e comprarem ou locarem um transatlântico para uma temporada inteira, só para eles. Dinheiro não vai faltar, pois os fiéis estão aí mesmo para "ajudar".
Hoje as igrejas funcionam como empresas, é bom ter-se isso em conta. E empresas concorrem entre si, quando disputam um mercado comum. Senão, vejamos: primeiro, os evangélicos inventaram a "teologia da prosperidade", alavancada pela teatralização das misérias humanas e do marketing religioso da salvação. Depois, vieram os "shows da fé", as bandas gospel e as de forró e rock evangélicos; depois, as rádios, TVs, editoras e gravadoras próprias, as vendas de CDs e livros; depois, a proliferação de sites evangélicos e as aberturas de pelo menos um templo em cada estado, em cada cidade, em cada bairro. Aí, os católicos acordaram e contra-atacaram: também alugaram horários, passaram a celebrar missas na TV, criaram suas próprias rádios, lançaram os padres cantores e agora (pasmem!) os cruzeiros marítimos católicos.
A disputa entre os cristãos evangélicos e católicos está ficando acirrada e desta vez parece que os católicos, que estavam perdendo de lavagem, começam a endurecer o jogo, criando inovações ainda não pensadas pelos estrategistas evangélicos. E foram mais além: usaram a popularidade dos padres cantores e de alguns artistas famosos para atrair o público religioso para o cruzeiro. É, os católicos estão mesmo ficando mais espertos e sofisticados. Segundo os organizadores, o "Navegando com Nossa Senhora" (nome do cruzeiro) , com partida prevista para o dia 9/2/2010 e retorno em 12/02/2010, no percurso Santos-RJ-Búzios-Santos, será feito no luxuoso transatlântico "CNS Grand Celebration" (foto) e será também o PRIMEIRO CRUZEIRO CATÓLICO DO MUNDO. Nele, o Padre Fábio de Melo fará um show especial para os turistas (como o seu cachê já está maior do que o do Roberto Carlos, imagine-se quanto vai cobrar!...).
Serão levados também, como reforço, 62 padres e 3 bispos, que celebrarão 2 missas diárias, confissões e rezas de terço, tudo em alto mar e para atender a todos os gostos. O custo médio por pessoa está estimado entre 1,8 a 2,4 mil reais, dependendo das mordomias e acomodações que cada um escolher. E o que é melhor: tudo parceladinho em 10 vezes, sem juros, no cheque ou cartão (é mole?). Em vista de tantas facilidades e do apelo religioso, a lotação (1900 pessoas) já está esgotada. Agora façam as contas: a arrecadação bruta para um evento de 4 dias será de, aproxidamente, 4 milhões de reais, um alto negócio. Para um namorado que queira dobrar uma sogra católica relutante ou intransigente em entregar a filha em casamento, o convite é infalível: leve a sogra e ganhe a filha.
Os evangélicos vão ficar fora desta?
Por enquanto sim, pois o evento é de orientação católica, embora que, por ser público, nada impeça que evangélicos possam participar, bastando pagar. Mas é quase certo que não o façam porque existe uma certa "rivalidade" religiosa e também porque as ovelhinhas do Senhor preferem ficar todas juntas, sem se misturar. O mais provável é que aguardem o contra-ataque evangélico.
Não duvidem: quando o Edir Macedo e demais líderes religiosos evangélicos tomarem conhecimento do sucesso do evento e fizerem as contas, no próximo ano deverão pipocar cruzeiros evangélicos do tipo: "Navegando no Reino de Deus", "Navegando na Graça de Deus", "Navegando com Jesus", "Navegando com O Poder de Deus", "Navegantes do Senhor" e outras denominaçõe semelhantes. E não se espantem se eles resolverem fazer uma vaquinha e comprarem ou locarem um transatlântico para uma temporada inteira, só para eles. Dinheiro não vai faltar, pois os fiéis estão aí mesmo para "ajudar".
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Leia a notícia completa "Padre Fábio e seu primeiro show em navio: reza, bebida e bom senso " , no site do Terra/Gente/ Notícias
Mais referências e informações: Agência CNS - Viagens Religiosas
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